Para Ler Como Um Escritor é um livro de Francine Prose muito útil para novos escritores.
Olá, Sonhadores! Esse ano eu estou na vibes de voltar a escrever ficção e tenho lido muitos livros voltados a esse assunto. Um que se tornou muito popular é o livro da resenha de hoje: Para Ler Como Um Escritor. Eu estava com grandes expectativas quanto a ele e hoje vou compartilhar essa experiências e algumas… opiniões polêmicas.
Sobre o Livro “Para Ler Como Um Escritor”
A proposta do livro é nos orientar com formas de aprender técnicas de escrita através da leitura de autores consagrados. Quanto a isso eu concordo plenamente. Nada melhor do que aprender com quem é mestre nisso. Mas essa não é bem uma ideia original, na verdade é uma técnica bem comum. O que a autora usa como diferencial aqui é sua experiência como professora e seu gosto pessoal para exemplificar seus pontos de vista.
A maior defesa da autora neste livro é a leitura atenta. Nada mais é do que ler com calma, palavra por palavra, identificando padrões e técnicas de escritas que o autor usou para criar algum efeito. Não é necessariamente sobre o conteúdo das frases, mas sobre suas formas.
Depois que passamos esse conceito de introdução, o livro é dividido em capítulos que focam cada qual em uma parte especifica da produção de texto. Por exemplo, começamos observando as Palavras, depois as Frases, os Parágrafos, a Narração, os Personagens, os Diálogos e por aí vai. Alguns capítulos são mais úteis que outros, mas no geral dá sempre para aprender alguma coisa. E tudo é muito detalhadamente exemplificado.
A edição brasileira do livro ainda trás um conteúdo extra feito por Italo Moricone aplicando esses conceitos em livros nacionais. Achei que foi uma adição super bem vinda e que mostra que nossa literatura é tão completa quanto qualquer outra.

Outros livros que podem te interessar:
- O Livro da Literatura
- A História da Arte – E.H. Gombrich
- Como Ler Literatura – Terry Eagleton
- O Segredo do Best-Seller – Jodie Archer & Matthew L. Jockers
- Os Analectos – Confúcio
Minha Opinião
O conteúdo do livro no geral é bom, mas algumas falas da autora me fizeram ficar com dois pés atrás com ela. A primeira polêmica foi quando ela critica as universidades em que tentou cursar Literatura. Ela afirma que eles eram mais preocupados em analisar o conteúdo do que a forma e que, segundo suas próprias palavras: “Foi a época em que a academia literária se dividiu em campos incompatíveis de desconstrucionistas, marxistas, feministas e assim por diante, todos batalhando pelo direito de dizer aos estudantes que estavam lendo textos em que ideias e políticas suplantavam o que o escritor realmente havia escrito”.
Observe que ela coloca isso como algo errado, negativo. Eu realmente acho que tudo bem você preferir focar na forma quando se está escrevendo, mas não podemos ignorar que não só livros, mas toda produção artística tem uma papel importante de refletir a sociedade em que foi produzido e também influencia-la. Analisar esses conteúdos é muito importante para entendermos nossa História e, como escritores, nos fazer pensar também se o que estamos escrevendo realmente reflete o que queremos passar para o público ou se estamos reproduzindo problemas estruturais. A fala dela mostra muito como ela é alienada a própria classe social e isso a fez perder bastante credibilidade para mim.
Mas essa não foi a única polêmica. Em outro trecho ela diz: “(Herbert) Hemingway aprendeu muito mais com (Gertrude) Stein do que reconhece em seu livro de memórias Paris é uma festa: o conselho de não escrever nada sujo (ou o que ela chamou inaccrochable), a ideia de que a homossexualidade masculina é repugnante, e o princípio geral de que deveríamos comprar pinturas em vez de roupas“. Decidi colocar a frase toda para não dizerem depois que eu tirei de contexto, mas na minha interpretação, pelo menos, foi uma clara declaração homofóbica. E digo isso não por causa dos escritores envolvidos, mas de como ela coloca isso no texto de forma que esses aprendizados foram positivos para Hemingway.
E por fim, em um capítulo ela crítica uma técnica que ficou bem popular na última década que foi o “mostre, não conte”. Ela diz que isso causa confusão nos escritores os fazendo achar que devem dramatizar tudo, sendo que muitas vezes contar pode funcionar perfeitamente se for feito da maneira certa. Em partes eu concordo com ela, realmente pode funcionar, mas ela ignora que isso também está ligado ao que o público atual procura. O que me incomodou aqui é mais a presunção dela em apresentar sua opinião do que a opinião em si. Depois disso notei que ela faz isso o livro inteiro e só não percebi antes porque, em geral, eu estava concordando com o que ela dizia.
Conclusão
É uma grande pena que o livro tenha tantos aspectos negativos que me fizeram dar prioridade a eles na minha resenha ao invés de focar no que a autora realmente ensinou de prático. Seria um livro muito bom se não fossem essas coisas.
Vale a pena? Vale. Mas também existem muitos outros livros sobre o assunto que abordam o mesmo tema e não carregam todas essas problemáticas. Eu só dei quatro estrelas na avaliação por causa da ideia de incluir a parte nacional.
Avaliação
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Para Ler Como Um Escritor
Francine Prose
ISBN: 978-85-378-0061-4
2008 – Zahar
320 páginas
Português (Brasil)
Sinopse
É possível ensinar a um escritor o seu ofício? A questão é polêmica, especialmente quando proliferam cursos de graduação e de extensão com essa proposta. Escritora e crítica literária, Francine Prose defende que sim, há muito o que aprender com os mestres. Virginia Woolf, Jane Austen, Nabokov, Philip Roth e Flaubert são alguns dos autores a quem dedica uma leitura atenta e cuidadosa, em busca do segredo do “escrever bem”. De cada um, extrai valiosas lições. Uma obra indispensável para escritores iniciantes e leitores inveterados!