Olá, Sonhadores! Mesmo lendo bastante você ainda tem dificuldade com literatura? Com livros que usam e abusam da linguagem e são mais complicados de ler? Pois eu tenho! Eu sou da área de exatas e no máximo tive aulas de literatura na época da escola, então nunca me aprofundei muito no assunto. Sempre tive dificuldade de entender o que define a literatura, quais conceitos ela aborda e por que existe tanta polêmica nesse assunto! Para esclarecer essas e muitas outras questões, eu li este livro e hoje trago para vocês minhas conclusões!
“Na literatura, como um monarca entre cortesãos aduladores, você nunca está errado.”
A proposta de Terry Eagleton neste livro é nos aproximar da arte da literatura que aos poucos vem sendo perdida, deixada de lado por uma nova geração de leitores que estão mais em busca do entretenimento da história do que da apreciação do texto. E ele já começa esclarecendo a maior dúvida que nós leigos temos em relação a literatura: o que a define. E para mim, ele explicou de forma que finalmente entrou na minha cabeça.
Em resumo, a literatura é arte da linguagem, é como o autor conta a história. Eagleton diz que o maior erro dos estudantes é ler indo direto ao conteúdo da narrativa e ignorar a forma e os artifícios de linguagem que o autor usou. Por isso que muito críticos dizem que livros de entretenimento, com uma linguagem super objetiva e que focam no conteúdo da trama, como, por exemplo, Dan Brown e a maioria dos atuais Best-Sellers, são obras que se afastam da literatura, apesar de ainda o ser (pelo menos na minha opinião).
Outro problema comum quando se tenta ler literatura é imaginar os personagens como pessoas reais. Por mais que façamos isso automaticamente, os personagens não existem além daquelas páginas e ler através dessa ótica muda muita coisa em sua interpretação.
Durante o livro, Eagleton nos dá diversos outros problemas e dificuldades que leitores tem com a literatura e através de muito, MUITOS exemplos práticos, ele tenta esclarecer o que é o trabalho da crítica literária, o que ela analisa, como é essa tarefa e quantos infinitos resultados e interpretações podem sair de uma única frase com 3 palavras.
É neste ponto que entra a maior dificuldade para mim: a interpretação. Não que eu não consiga interpretar nada, muito menos que eu faço interpretações erradas (pois o próprio autor diz que não existe errado na literatura), mas me é irritante ter que interpretar uma frase escrita propositalmente complexa, floreada, as muitas vezes dúbia ou subjetiva, sendo que ela poderia ser clara e objetiva. É nisso que se encontra o prazer de apreciar a arte da literatura e eu não gosto.
Porém, não é porque eu não gosto que eu não queira gostar. Estabeleci uma meta de experimentar livros mais literários para me desenvolver até que eu passe a apreciar e não seja mais um incomodo. Para quem tem esse mesmo interesse, recomendo bastante a leitura desse livro como uma introdução para essa meta, pois ele vai te esclarecer dúvidas iniciais e te dar dicas de como entrar nesse universo!
“Uma das maneiras mais usuais de desconsiderar a ‘literariedade’ de uma peça ou de um romance é tratar seus personagens como se fossem pessoas de carne e osso.”
Avaliação
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Como Ler Literatura
Terry Eagleton
ISBN: 978-85-254-3659-7
2019 – L&PM
224 páginas (Pt/Br)
Sinopse: A maioria dos livros introdutórios sobre teoria ou análise literária comete o mesmo pecado capital: tentar normatizar e prender numa grade de critérios fixos algo que é de uma riqueza vastíssima, viva, subjetiva e variável, como são as grandes obras da literatura. Terry Eagleton, professor e crítico de larga experiência, autor de Teoria da literatura: uma introdução (até hoje uma das grandes referências na área), não incorre nesse erro. Em Como ler literatura, embora seja uma obra introdutória, vemos que o autor não apenas conhece muito bem sua matéria, como tem sensibilidade suficiente para não matar o objeto de estudo ao dissecá-lo.
Sempre tratando a literatura como parte da cultura humana, Eagleton mostra a importância e a riqueza de se atentar, quando lemos, para aspectos como ritmo, sintaxe, alusões, ambiguidade, enredo, narrativa etc. – que tanto podem acrescentar à nossa fruição. Shakespeare, Conrad, Nabokov, Dante Alighieri, Dickens, Jane Austen, Milton, Sófocles e J.K. Rowling são alguns dos autores frequentados, dos quais faz análises brilhantes e instigantes, sempre com a clareza que lhe é característica. Diferentemente de muitos críticos e acadêmicos, o autor não coloca a literatura canônica num pedestal inalcançável; antes, lança mão de elementos da cultura popular para melhor expor suas ideias. Neste texto ao mesmo tempo sofisticado e bem-humorado, temos a obra da maturidade de um grande crítico, de um grande pensador, que nos contagia com sua sabedoria humanista.