Olá, Sonhadores! Como vocês estão? Eu quero começar fazendo uma pergunta crucial: vocês já testemunharam algo que parecia muito importante, mas que aconteceu tão rápido que não tinham certeza se viram direito? Aquele tipo de coisa que você fica refletindo, mas a dúvida e incerteza permanecem. É exatamente sobre esse tipo de sensação que o nosso livro vai falar.
“(…) No início a pessoa não pretende cometer um assassinato, nem mesmo pensa nisso. Começa apenas sendo gananciosa, querendo mais do que lhe é destinado.”
A história começa quando a senhora Elspeth McGillicuddy está voltando de suas compras natalinas. Muito cansada do dia agitado, ela está olhando o entardecer do dia da janela do seu assento no trem das 16:54. Quando já é quase noite, o seu comboio cruza com outro trem que vem no sentido oposto. Enquanto observa as janelas que vão passando, ela fica reparando nos seus ocupantes até que, de repente, vê algo que a assombra instantaneamente: um homem estrangulando uma mulher. Apavorada e sem poder fazer nada, ela vê a vida fugir dos olhos da moça, mesmo que tudo tenha acontecido em uma fração de segundos.
Desorientada após procurar a companhia de trem para relatar o que viu e não terem acreditado nela, Elspeth procura sua amiga Miss Marple para compartilhar a curiosa história. Imediatamente, Jane Marple acredita que há algo de muito importante alí. Após confabular e sondar um pouco, ela decide enviar uma pessoa infiltrada para Rutherford Hall, onde mora uma família chefiada por um velho sovina e arrogante. Lucy Eyelesbarrow, encarregada de espionar a rotina de todos, começa a descobrir pedaços de segredos intrigantes que a fazem pensar que a mulher do trem tenha alguma ligação com eles. Tudo fica ainda mais estranho quando o corpo não identificado de uma moça aparece em um dos barracões da propriedade.
A Testemunha Ocular do Crime foi publicado em 1957, na década literária que eu mais aprecio da Agatha Christie, e tenho certeza que para a época foi algo muito intrigante e inovador; mesmo que hoje possa-se ver obras policias que abordem a mesma temática. Mas isso não importa, afinal, o original é sempre o melhor.

Um dos fatores que me fizeram gostar muito da história foi o fator da incerteza. A narrativa já começa com alguém testemunhando um SUPOSTO assassinato, essa pessoa NÃO TEM CERTEZA do que viu, e NÃO PODE PROVAR o que viu. Logo, existem muitas variáveis contra o que foi visto. Mesmo após um corpo ser encontrado em um local muito conveniente e que corrobora para a linha de raciocínio de Miss Marple, não se pode afirmar que se trata da mesma moça do trem. Logo, se tratam de dois crimes ou do mesmo acontecimento?
Outro fator é a suposta falta de conclusão. Parece que quanto mais fundo se entra nos segredos da família, mais parece que o crime do trem não foi real e que o corpo encontrado é apenas um incidente alheio a família. Cada prova encontrada tem uma contraprova que desmonta a teoria. Eu cheguei a pensar que a história terminaria sem conclusão. Quem leu Cem Gramas de Centeio sabe o quão frustrante foi o assassino ser descoberto e ninguém poder fazer nada a respeito. Imagine jamais saber quem é o culpado. Mas é claro que tudo terá uma explicação plausível no final.
Trazendo todos os elementos do universo Christie, o livro é aquele tipo de história que vai te fazer pensar, onde não há indícios e sutilezas de quem é o culpado e você precisa fazer uma linha de raciocínio para descobrir quem será incriminado. Um dos melhores livros da Agatha que já li. Deixo super recomendado. Até a próxima!
“Em geral só existem provas circunstânciais. Mas as particularidades desse caso são incomuns: houve realmente uma testemunha ocular.”
Avaliação
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A Testemunha Ocular do Crime
Agatha Christie
ISBN: 978-85-209-0619-4
1983 – Círculo do Livro
230 páginas (Pt/Br)
Sinopse: Elspeth McGillicuddy sai de sua Escócia natal para visitar Miss Jane Marple. Durante a viagem, ela vê uma mulher sendo estrangulada, no instante em que o trem no qual se encontrava diminui a velocidade e o da frente acelera. Nenhum corpo é encontrado, daí a polícia não acreditar nela. Mas a Sra. McGillicuddy conta sua história para a amiga e Miss Marple põe-se a campo para resolver o mistério.