Olá sonhadores! Hoje vamos falar mais um pouquinho de Agatha Christie, mas dessa vez será especial, pois este é um dos meus livros favoritos dela. Punição para a Inocência nos trás uma proposta onde ao nos apresentar uma situação em que um inocente pagou por algo que não fez, nos faz questionar sobre como todos inocentes que acabaram envolvidos na história também sofrem. Afinal, a justiça pode condenar o culpado, mas ninguém se importa com os inocentes.
“- Claro. A justiça me parecia a coisa mais importante. Agora, porém, começo a me perguntar se não existem outras coisas mais importantes.”
Sobre o Livro
Depois da família Argyle passar um tempo tentando se recompor do tormento que se tornou suas vidas quando Jacko Argyle foi condenado por assassinar sua própria mãe adotiva, o assunto volta a tona quando um homem surge do nada alegando ter um álibi para Jacko, de forma que provava que ele era inocente. E que, infelizmente, só não veio informar isso antes, pois estava viajando e soube do que houve apenas quando voltou.
Isso pode parecer ótimo a princípio, afinal o filho não matou a mãe. Só que, com isso, surge outra pergunta: então quem matou? Se o álibi é verdadeiro, toda a investigação voltaria a acontecer e o tormento voltaria a casa dos Argyle. O pior de tudo é que Jacko acabou morrendo na prisão antes do homem com o álibi aparecer, então mesmo que fosse provado sua inocência, já era tarde demais. A família entra em um grande dilema: deixar as coisas como estão e Jacko levar a culpa para o túmulo ou trazer de volta a tona toda a história para achar o verdadeiro assassino? Como passariam a viver depois disso, sabendo que, provavelmente, estavam compartilhando o teto com um assassino? Inclusive, todos naquela família tinham seus motivos para querer a morte da Sra. Argyle. Mas quem teria passado dos limites e cometido tal ato?

Minha Opinião
Particularmente eu gosto de dividir livros de investigação em dois tipos: os que focam em provas materiais e os que exploram mais o psicológico dos personagens para resolver o mistério. Este livro se encaixa na segunda categoria e, por isso, é considerado um pouco enrolado demais para alguns leitores que ficam muito ansiosos pelo desfecho. Eu não sou uma dessas pessoas. Gosto desse formato porque ele permitiu eu me conectar melhor com os personagens e me colocar numa situação de ter piedade deles, mas ao mesmo tempo não, pois todos ali tem sérios problemas que te deixam com o pé atrás.
Além disso, este formato nos permite se conectar melhor com o tema central da história que é a criação de filhos adotivos. A Sra. Argyle era uma mulher forte, mas muito frustrada por ser estéril. Dedicou sua vida a ajudar organizações de proteção a crianças órfãs da guerra e, quando conseguia, as adotava. Ao mesmo tempo, era uma mulher superprotetora e controladora. Parecia que ela criava os filhos mais para satisfazer a si mesma do que para o bem deles. Isso desenvolveu neles diversas questões contra a mãe que são exploradas ao longo da história.
Qualquer obra da Agatha sempre é altamente recomendada por mim e esta não é diferente! Só tenha em mente que ela é um pouco mais densa que as outras e não conta nem com Poirot, nem com Miss Marple!
“- Essa sua insistência em fazer justiça! De que isso importa agora para o Jacko? Ele está morto. Jacko já não tem nenhuma importância. O que importa somos nós!
– O que a senhorita quer dizer?
– Que não é o culpado que importa. É o inocente. (…) O senhor não percebe as consequências do que fez a todos nós?”
Avaliação
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Punição Para a Inocência
Agatha Christie
ISBN: 978-85-254-1895-1
2011 – L&PM Pocket
272 páginas
Português (Brasil)
Sinopse
Jacko Argyle morre na prisão onde cumpria pena pelo assassinato de sua mãe. Um dia, a confirmação de seu álibi demonstra que ele era inocente, o que faz com que os membros de sua família passem a suspeitar uns dos outros. Um dos parentes, à procura da verdade, acaba por obrigar o assassino a atacar novamente.