Os Abismos é um livro curto porém intenso da escritora colombiana Pilar Quintana.

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Olá, Sonhadores! Depois de alguns meses sem participar do Clube de Leitura que costumo estar (tanto que faz tempo que não o menciono em resenhas), agora ele está de volta. E o livro de hoje é uma obra que eu queria ler faz algum tempo (porque eu queria conhecer essa autora que muita gente fala tão bem) e por coincidência ele foi nossa leitura do clube de Dezembro.

“Queria enfrentar de novo o abismo, sentir a coisa gostosa na barriga e o medo, a vontade de pular e de recuar.”

Sobre o Livro “Os Abismos”

Essa é uma história narrada pelo ponto de vista de uma criança de oito anos: Claudia. É importante ressaltar também, antes de mais nada, que ela se passa na Colômbia, provavelmente por volta dos ano 90. Ler livros sobre lugares e épocas tão fora da minha zona de conforto é uma das coisas que me fazem gostar tanto de participar desses clubes de leitura!

Mas enfim, voltando ao livro, Claudia vai nos contar através de seus olhos os conflitos que acontecem em sua casa, com sua família, parentes e amigos. Começando com a complicada relação que ela tem com sua mãe (que também se chama Cláudia) e com seu pai. Olhando de fora parece não faltar o amor que ela precisa, mas o pai e especialmente a mãe carregam consigo problemas mal resolvidos que vão gerar diversos conflitos ao longo da trama.

Ao longo da história e de tudo o que acontece, a pequena Cláudia vai passar por momentos difíceis que abordam os temas de tração, briga, morte, depressão e suicídio. Coisas que nessa idade uma criança não está preparada para lidar. É uma história em que vamos vendo o amadurecimento dela, mas o mesmo tempo uma perigosa peregrinação para um abismo.

Outros livros que podem te interessar:

• A Filha Perdida – Elena Ferrante
• Ausência na Primavera – Mary Westmacott
• O Sol é Para Todos – Harper Lee
• Os Prós e Contras de Nunca Esquecer – Val Emmich
• Ponti – Sharlene Teo

Minha Opinião

A melhor característica desse livro, na minha opinião, é como a autora conseguiu fazer uma personagem criança tão verossímil, mas o mesmo tempo interessante para um adulto ler. Pois geralmente o que acontece é: ou é uma criança totalmente inverossímil com comportamentos de adulto que nenhuma criança tem, ou é verossímil, mas absolutamente desinteressante e que só funcionaria para um livro infantil. A pequena Claudia tem um equilíbrio perfeito e agradável de ler.

Quer dizer, apesar de tecnicamente agradável (até pela própria escrita da autora ser muito fluída), tem também o lado desagradável da história. Não por ser ruim, mas por ser angustiante. É um livro que trás momentos que todo mundo já passou alguma vez na vida, talvez até mesmo quando criança como a protagonista, e isso nos faz ter uma identificação tão forte a ponto de causar essa angústia de ver a coitada passando por aquilo.

E o pior de tudo é que não é algo simples de lidar. Não dá para simplesmente se revoltar e culpar os personagens X e Y. Tudo o que acontece é muito difícil de julgar. Os pais de Claudia comentem erros a todo momento, mas dá pra ver de onde esses erros vem e talvez a gente no lugar deles faríamos a mesma coisa. O famoso: “quem somos nós para julgar?”.

E apesar de ser curto e abordar temas tão complicados, eu não senti que a autora fez isso de forma superficial. Sinto que ala aproveitou cada linha ao máximo para aprofundar o possível nos temas que escolheu focando, claro, no que essas coisas afetavam a protagonista.

Meu único problema com esse livro é que ele tem uma característica que PARA MIM é um grande problema, mas muita gente não se importa: ele tem o final aberto. Na verdade, nesse caso é pior ainda, pois ele tem um final abrupto. Ele termina em momentos decisivos e deixa aberto para gente interpretar o fim. Nossa, eu DETESTOOOOO isso!

De resto, Os Abismos é uma excelente indicação se você quer ler algo para te deixar pensativo e questionar algumas coisas na nossa sociedade. Pretendo ler A Cachorra, outro livro de sucesso da autora e dizem que ele é ainda mais intenso. Quando eu ler trago aqui a resenha também. Até lá!

“Então eu vi em seus olhos. O abismo dentro dela, igual ao das mulheres mortas, (…) uma fenda sem fundo que nada pode preencher.”

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Avaliação

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Skoob – Goodreads

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Sinopse

Claudia mora com os pais em Cáli, na Colômbia, em um apartamento tomado por plantas e rodeado por precipícios físicos e metafóricos. O ambiente, exuberante e bem-cuidado, é um contraste, uma oposição à mãe indiferente que está em conflito com os caminhos escolhidos e impostos para a própria vida. Como muitas famílias, a de Claudia passa por uma crise, e basta o casamento de seus pais estremecer para que ela comece a entender a fragilidade dos limites que mantêm a previsibilidade do cotidiano.
A partir da expectativa e de seu olhar atento e ao mesmo tempo inocente de criança, é a menina que narra os acontecimentos que abriram as fendas por onde entraram seus piores medos, aqueles que são irreversíveis e podem levar à beira dos abismos. Nos últimos anos da infância, Claudia começa a entender que a existência chega ao fim e que essa ruptura pode ser uma escolha pessoal. É pelos relatos da mãe, obcecada por revistas de celebridades ― e em especial pelas figuras femininas com finais trágicos, como Grace Kelly ―, que ela faz a correspondência entre a morte e as escolhas e passa a temer pelas decisões de sua progenitora.
Em meio à beleza e à violência da natureza, confrontando desejos inconfessos, criança e mãe se encontram e, assim, o destino da mais velha parece se debruçar sobre o abismo contra o qual tantas outras mulheres também já se depararam.