Olá, Sonhadores! Se você está por dentro do mundo do cinema provavelmente ouviu falar de A Filha Perdida, pois recentemente a Netflix lançou uma adaptação desse livro. Essa semana farei algo especial: primeiro, falarei hoje sobre minha experiência de leitura e no sábado postarei minha crítica do filme! Eu li ele no clube de leitura que participo e, acredite, esse pode ser um livro curto, mas tem muito a se discutir.
“Que bobagem é pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos cinquenta anos. Querer ser vista por eles como uma pessoa e não como uma função.”
O livro conta a história de Leda, uma mulher de meia-idade que decide tirar férias no litoral sul da Itália, mas acaba passando por uma experiência de profunda e difícil reflexão sobre seu passado. Leda é uma professora universitária bem sucedida, mas precisou ser egoísta e fazer sacrifícios para realizar isso. E essas escolhas a perseguem até hoje. Ela carrega culpas, arrependimentos e frustrações que voltam a tona assim que ela conhece uma jovem moça Napolitana chamada Nina e sua filhinha Elena.
O foco do livro é a maternidade. O tema é discutido de diversas formas e sem nenhum tipo de pudor. Durante suas reflexões, Leda expõe totalmente sua forma de pensar, o que é extremamente incomodo, pois são aqueles tipos de coisas que todo mundo pensa e sente em determinado momento, mas tem vergonha de admitir para si mesmo, quanto mais falar em voz alta. Isso faz com que a leitura seja desconcertante e, muitas vezes, chocante.
Isso por si só já dá pano pra manga pra discussões sobre a leitura, porém, outro ponto interessante do livro são as diversas formas de relações entre as personagens que giram em torno da maternidade. O destaque fica por conta da relação de Leda com suas duas filhas e sua imensa dificuldade de cria-las, sendo muitas vezes uma mãe desnaturada, até chegar ao ponto de abandonar a família. Mas também temos a relação de Leda com sua mãe (sua criação revela muitos porquês), a relação de Nina com Elena, Leda com ambas e até mesmo de Elena com sua boneca! Além disso, temos personagens menores que trazem ainda mais questões maternais, como a cunhada de Nina que já tem filhos e está grávida de novo, porém, diferente das outras, ela parece ter mais facilidade em cuidar dos filhos e, durante o livro, é quem representa todos nós, como pessoas que se chocam e repudiam comportamentos fora do esperado de uma mãe, por exemplo. Tanto que esse foi o ponto que mais teve divergências entre os leitores, muitos não gostaram por causa de Leda e de todo esse incomodo que ela causa, mas outros (eu me incluo aqui) que leram de forma mais empática com a mulher e apreciaram mais a leitura.
A história me lembrou muito Clarice Lispector, pois recentemente eu li “A Paixão Segundo G.H.” e este tipo de livro tem a mesma vibe (só é mais fácil de entender haha). Ou seja, a maior parte do livro são reflexões e flashbacks. Sei que muita gente não gosta disso, preferem livros que coisas aconteçam, então fica aqui o aviso. Porém, achei que a autora foi esperta em criar um mistério durante a trama para nos manter curiosos e pensando: “que fim essa história vai ter!?”. Para mim funcionou, pois eu fiquei bem preso a leitura e li super rápido. Quanto ao final em si, ele deixa certas dúvidas no ar, então vai da interpretação de cada um, mas não espere nada grandioso, não é nenhum tipo de livro com um super plot twist.
E por falar na autora, eu não sabia, mas no clube disseram que existe uma grande polêmica sobre quem é ela. Muitas dizem que é apenas um pseudônimo de um homem (o que torna ainda mais polêmico, já que os livros são basicamente sobre a vida feminina). Mas até hoje não se sabe a verdade. Essa foi minha primeira experiência com Elena Ferrante, mas eu já tinha interesse em ler outro livro dela chamado “A Vida Mentirosa dos Adultos”. Quem sabe agora eu pegue finalmente para ler.
Recomendo para todo mundo esse livro. Mesmo você não é, nem pretende, nem tem como, ser mãe, leia! Pois apenas assim conseguimos ver certas coisas sobre esse ponto de vista que não temos. Se você quer experimentar um livro mais reflexivo, é uma boa opção para começar também, visto que ele não é tão difícil, nem entediante.
“As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender.”
Avaliação
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A Filha Perdida
Elena Ferrante
ISBN: 978-85-510-0032-8
2016 – Intrínseca
176 páginas (Pt/Br)
Sinopse: “As coisas mais difíceis de falar são as que nós mesmos não conseguimos entender.” Com essa afirmação ao mesmo tempo simples e desconcertante Elena Ferrante logo alerta os leitores: preparem-se, pois verdades dolorosas estão prestes a ser reveladas.
Lançado originalmente em 2006 e ainda inédito no Brasil, o terceiro romance da autora que se consagrou por sua série napolitana acompanha os sentimentos conflitantes de uma professora universitária de meia-idade, Leda, que, aliviada depois de as filhas já crescidas se mudarem para o Canadá com o pai, decide tirar férias no litoral sul da Itália. Logo nos primeiros dias na praia, ela volta toda a sua atenção para uma ruidosa família de napolitanos, em especial para Nina, a jovem mãe de uma menininha chamada Elena que sempre está acompanhada de sua boneca. Cercada pelos parentes autoritários e imersa nos cuidados com a filha, Nina parece perfeitamente à vontade no papel de mãe e faz Leda se lembrar de si mesma quando jovem e cheia de expectativas. A aproximação das duas, no entanto, desencadeia em Leda uma enxurrada de lembranças da própria vida — e de segredos que ela nunca conseguiu revelar a ninguém.
No estilo inconfundível que a tornou conhecida no mundo todo, Elena Ferrante parte de elementos simples para construir uma narrativa poderosa sobre a maternidade e as consequências que a família pode ter na vida de diferentes gerações de mulheres.
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