Olá, Sonhadores! Chegamos finalmente na última resenha do ano e, olha, 2021 foi intenso! Para fechar esse ciclo, trago um livro que nos faz refletir um pouco sobre a passagem da vida, sobre relacionamentos que vem e vão, sobre mudanças, transformações e muitas outras questões que geralmente nos vem em mente na virada de ano.
“Não tem ato de amor maior do que pegar alguém pela mão e mostrar o caminho, iluminar as noites escuras.”
O Amor Segundo Buenos Aires é um livro que fala sobre relacionamentos nas suas mais diversas representações: amizade, romance e família. E como o próprio título entrega, se passa em Buenos Aires. O pilar central da história é Hugo, um homem que foi para a Argentina por causa da namorada, Leonor, que buscava desesperadamente uma aproximação com o pai. Porém, ao longo dos capítulos somos apresentados a mais personagens em volta deles, como os pais e os amigos de Hugo, que acabam tendo histórias tão interessantes (ouso dizer até mais) quanto o protagonista.
Aqui eu já quero levantar três questões. A primeira é que cada capítulo é narrado por um personagem diferente falando sobre outro. Por exemplo, temos o capítulo de Hugo falando sobre Leonor, depois de Eduardo, amigo de Hugo, falando sobre o mesmo, e por aí vai. A primeira preocupação que me vem a cabeça neste formato de livro é que o autor precisa conseguir dar vozes diferentes para cada personagem e fazer a gente enxergar cada personalidade na narrativa. E neste teste o livro passou com sucesso. Não tive nenhum problema com isso e nem ninguém que participou do clube de leitura. Inclusive, esqueci de comentar, esta também foi uma leitura do clube do blog MãeLiteratura.

A segunda e terceira questões são os únicos pontos que sinto que o livro pecou um pouquinho. Apesar do autor ter conseguido dar essas vozes diferentes aos personagens e criar tramas interessantes para eles, acabou que Hugo ficou super apagado na história. E não foi nem por ter sido esquecido, pois ele está quase sempre presente em todos os capítulos. Foi a trama dele em si que pareceu mais fraca comparada as outras. E o outro problema foi que Buenos Aires, neste livro, é aquele caso de um lugar acabar se tornando também uma personagem, mas que, infelizmente, não conseguiu me fazer conectar com ela, nem com os lugares que o autor quis mostrar, nem com as pessoas. Sinto que faltou muito uma construção da ambientação. Talvez precisasse ser mais descritivo, talvez incluir mais cenas de interações com habitantes fora o círculo dos personagens, não sei. Só sei que nunca tive muito interesse em visitar Buenos Aires e terminei o livro ainda sem vontade.
Os destaques do livro para mim foram Eduardo e seu novo namorado, Daniel. Tive uma relação muito conflituosa durante a leitura, pois a relação entre eles parecia ótima, mas ao mesmo tempo estranha. Daniel me deixava desconfortável por ser muito fechado e… esquisito. Mas, no fim, o melhor capítulo do livro, de longe, foi o narrado pelo Daniel. Foi o mais bem escrito, sensível e tocante.
Como eu disse no início, as histórias contadas no livro fazem a gente refletir um pouco sobre como tudo na vida passa e se transforma, que o fim de algo é o início de outro e que nada é definitivo e imutável. Enfim, são muitas questões e tenho certeza que alguma vai te pegar. O livro é muito bem escrito e rápido de ler. Recomendo para todos os tipos de leitores. Para quem tem certo rancinho de romance, não se preocupe, o título e a capa enganam, mas o livro é mais que isso.
“Uma coisa posso te dizer com certeza: não me arrependo de nada. Eu sei por que tomei cada uma de minhas decisões. E assumo toda a responsabilidade por elas.”
Avaliação
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O Amor Segundo Buenos Aires
Fernando Scheller
ISBN: 978-85-805-7917-8
2016 – Intrínseca
288 páginas (Pt/Br)
Sinopse: Buenos Aires, com suas largas avenidas, cafés em estilo europeu e bairros charmosamente decadentes, é cenário e ao mesmo tempo personagem das histórias de amor presentes neste romance arrebatador.
É por amor que Hugo deixa o Brasil rumo à capital argentina. Embora o relacionamento com Leonor não sobreviva, seu fascínio pela cidade resiste à dor da separação e à descoberta de que sofre de uma grave doença. Hugo cria laços com o arquiteto Eduardo e com a comissária de bordo Carolina, que evidenciam o poder regenerador das amizades verdadeiras. Ele se reaproxima de seu pai, Pedro, que troca a rotina de um casamento desgastado por uma vida em que é possível encontrar profundos afetos.
Cada personagem tem a oportunidade de contar a sua versão dos fatos, numa trama absolutamente democrática. Impossível não se encantar com a presença de espírito e o senso de humor de Carolina, a lealdade de Eduardo, a sensatez e a determinação de Daniel, o jeito excêntrico de Charlotte. Em comum, esses personagens adoráveis têm uma enorme capacidade de amar.