Olá, Sonhadores! Essa semana decidi fazer um especial Agatha Christie com duas resenhas: a Autobiografia da autora e uma outra biografia feita por Janet Morgan que publicarei nessa sexta. A princípio pode parecer bobagem ler a biografia da mesma pessoa duas vezes, mas o fato da vida de Agatha ser contada pelo ponto de vista dela e depois por uma pessoa que nem se quer a conheceu em vida, é muito interessante! Portanto, hoje vamos começar falando da Autobiografia, publicada originalmente em 1977.
Antes de mais nada, queria dizer que essa foi minha primeira experiência lendo tanto uma autobiografia, quanto uma biografia num geral. Era um gênero que eu tinha um pouco de preguiça, nunca me interessei pela vida alheia, nem tive curiosidade de saber como é a vida de alguém famoso. O que me conquistou a ler esse livro foi, além do fato de eu ser um grande fã dos livros da autora, ter a oportunidade de conhecer como era a vida naquela época. E, sendo um fã, descobrir o que a inspirava e quais eram os métodos de escrita e desenvolvimento das histórias acabou sendo motivo mais que suficiente para encarar esse livro (que é grande!).
Eu já tinha noção das diferenças que os dois estilos teriam, mas é só lendo que a gente sente. Neste livro, Agatha conta o que quer contar desde sua infância até a velhice, focando em momentos que foram marcantes para ela. Essas são duas características deste tipo de biografia, temos a oportunidade de conhecer os pontos da vida que foram mais relevantes para a pessoa, mas ao mesmo tempo só temos acesso ao que ela quer contar. Quem vai saber se não teve um momento negativamente marcante que ela ocultou?
Outra característica maravilhosa de se ler uma autobiografia, em especial de autores, é que se você gosta do estilo de escrita dele, é ótimo velho narrando a própria história. É como ler uma de suas ficções, você identifica a forma que ela escreve. E essa é uma experiência interessante, pois dá uma sensação de que você está conhecendo o rosto de alguém que você está acostumado a só ouvir a voz. Faz sentido? Na minha cabeça faz hahaha! No caso da Agatha, especialmente, isso é ótimo porque ela já tem uma escrita super clara, objetiva e divertida, o que torna um livro que supostamente seria meio maçante para quem não gosta de biografia, algo super agradável e fluido.
Como eu mencionei, este é um livro grande. Por mais que tenham coisas que Agatha não quis falar ou, se falou, não quis se aprofundar, tem muito conteúdo mesmo assim. A leitura vale super a pena por todos os motivos que falei acima. Ler uma biografia vai muito além de conhecer o desenvolvimento e o desenrolar da vida de uma pessoa. Não se trata de ver como ela alcançou o sucesso e se inspirar com isso, você aprende e descobre muitas outras coisas. Se você nunca leu uma biografia, mas mesmo não tendo vontade, acha que precisa, está é uma boa opção!
Avaliação
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Autobiografia
Agatha Christie
ISBN: 978-85-254-3292-6
2015 – L&PM
568 páginas (Pt/Br)
Sinopse: “Uma das coisas mais afortunadas que pode nos acontecer em vida é ter vivido uma infância feliz. Eu tive uma infância muito feliz.” São essas as linhas de abertura da Autobiografia de Agatha Christie (1890-1976), as memórias de toda a vida da romancista mais famosa e mais lida de todos os tempos, conhecida mundialmente como Rainha do Crime.
Autora de mais de cem livros, a maioria dos quais romances de mistério como os já clássicos Cai o pano e Assassinato no Expresso Oriente, além de contos e peças teatrais, criadora do investigador belga Hercule Poirot e da nada ingênua Miss Jane Marple, entre dezenas de outros personagens, Christie é o exemplo máximo de escritor bem-sucedido que deixou sua marca indelével na literatura. Tendo nascido no seio de uma família abastada, em Torquay, na Inglaterra, casou-se por paixão e trabalhou como enfermeira voluntária durante a Primeira Guerra Mundial (quando adquiriu um conhecimento sobre fármacos e substâncias químicas que lhe seria muito útil na composição dos intrincados assassinatos de seus livros); alcançou o sucesso cedo, em 1920, com a publicação do romance O misterioso caso de Styles. Seguiriam-se dezenas de obras publicadas, um divórcio, um novo casamento; uma carreira triunfante como poucos escritores têm o luxo de experimentar, uma vida peculiar, repleta de viagens e experiências quase impensáveis para as mulheres de sua geração.
Durante as décadas em que brindava com regularidade leitores do mundo inteiro com suas fascinantes e criativas histórias de mistério, pouco se soube sobre a vida da autora, ciosa de sua privacidade e avessa a entrevistas. Já na maturidade foi que ela começou, para sua satisfação pessoal, a redação desta Autobiografia, que seria publicada no ano seguinte à sua morte e que é, na verdade, um delicioso livro de memórias. Escolhendo os momentos e as experiências cuja rememoração lhe era mais prazerosa, esta contadora de histórias nata reflete sobre sua infância na Inglaterra do final da era vitoriana, sua juventude no período eduardiano, a Primeira e a Segunda Guerra Mundial; a experiência de criar a filha única, os primeiros passos na carreira literária, o sucesso estrondoso que levou sua obra a ser traduzida em mais de cem línguas, a relação com as próprias obras e seus editores, as expedições que realizou a fim de acompanhar o segundo marido, Max Mallowan, arqueólogo catorze anos mais novo que ela.
Como que numa conversa espontânea com um amigo, Christie revela pessoas e fatos que inspiraram alguns de seus personagens e enredos, o que estava acontecendo em sua vida enquanto escrevia determinado romance e também sua sensível percepção sobre um mundo e uma sociedade que, ao longo de sua vida, passaram por mudanças drásticas.
Destas deleitáveis páginas, repletas de ternura, emerge, sim, uma mulher madura e feliz, relembrando o próprio passado, mas sobretudo uma mulher ousada, à frente do seu tempo, que trilhou seu próprio e inusitado caminho, numa existência tão interessante quanto literariamente exitosa.