Uma Rotina Saudável

Uma Rotina Saudável

Faz muito tempo que eu não publico um dos meus textos de reflexão. Geralmente eles me ocorrem naturalmente, não são planejados como as TAGs ou Resenhas. E uma crise que eu passei recentemente e que fez eu me afastar do blog por um tempo me trouxe ensinamentos e experiências que eu gostaria muito de compartilhar, pois acredito que seja um tipo de crise muito comum de acontecer nos dias de hoje.

Meu contexto é simples, muitas pessoas vão se identificar. Eu tenho um emprego fixo onde trabalho por 44 horas semanais de segunda a sexta em período integral. O resto do tempo livre e os finais de semana eu me dedico a lazer, namoro, família, cuidar da saúde, estudar, criar conteúdo para o blog e fazer mais muitas coisas que eu tenho interesse, muito mais coisas que meu tempo e energia conseguem dar conta. E é aqui que começa o problema.

Não tenho que fazer esforço físico no meu trabalho, mas o esforço mental consome quase toda a minha energia, de forma que quando eu chego em casa tudo o que eu CONSIGO fazer é descansar. Isso me deixa muito frustrado, pois tem tantas coisas que eu quero fazer e se eu usar meu tempo livre para ficar descansado, eu vou viver numa rotina de trabalho/descanso/trabalho/descanso onde não tem tempo para o resto. Então muitas vezes eu acabo me forçando a fazer as coisas mesmo estando exausto e descansando muito pouco. Todo mundo acaba passando por isso uma vez ou outra, o problema é quando isso vira uma rotina, e todos os dias você se sente mais e mais infeliz e indisposto. E aí chega um momento que sua saúde, seus relacionamentos e seu desempenho em tarefas acabam sendo negativamente afetados.

Quando eu cheguei neste ponto me veio uma crise onde eu não conseguia fazer mais nada, não só por exaustão, mas por indiferença. Todos os meus objetivos pareciam não ter mais sentido e eu estava com vários sintomas depressivos. Neste caso, a primeira coisa que eu recomendo é buscar ajuda profissional, vai tornar tudo mais fácil, acredite. Infelizmente não foi o que eu fiz, mas eu tive a sorte de ter tido uma luz que me levou para um bom caminho antes de entrar num quadro mais grave. Estava eu trabalhando e conversando com meus colegas sobre como “menos é mais” e que algo minimalista se encaixaria bem no nosso projeto, quando me veio a ideia de tentar ter uma vida mais minimalista para resolver o problema que eu estava tendo.

A partir desse dia eu comecei a pesquisar sobre o assunto. Quando pensamos em minimalismo, primeiramente vem em mente o sentido material, de ter e consumir menos. Porém, esse estilo de vida vai além disso e minhas pesquisas chegaram em dois pontos principais que eu apliquei na minha rotina:

O primeiro, e mais simples, foi aplicar (em cima das coisas que eu queria fazer) o conceito do minimalismo de desapegar e se livrar dos excessos. Fui listando cada tarefa que eu tinha, cada coisa que eu desejava fazer e me perguntando se eu realmente queria fazer aquilo, ou se eu não poderia adiar em alguns meses ou anos, e deixar pra fazer agora apenas o que tem mais importância. Só de ter feito isso me tirou um peso das costas que é inexplicável. Toda a frustração que eu sentia por não ter tempo diminuiu muito depois que a lista ficou clara e objetiva. Hoje eu posso olha-la e ter certeza que consigo fazer tudo dentro do meu tempo e que, quando chegar o momento certo, as coisas que eu adiei terão o seu espaço. Neste caso é importante também que você se livre das coisas físicas que remetem as tarefas canceladas ou adiadas, de forma que você não fique lembrando delas toda vez que olha essas coisas. Por exemplo, se você tem muitos livros na sua estante que você quer ler, mas te desanima e faz mal olhar pra eles a todo momento, selecione suas prioridades e se livre do resto; no mínimo, esconda-os onde você só vai lembrar deles quando chegar o momento certo de lê-los. O fato de “limpar” seu espaço e estar em um ambiente mais vazio e organizado ajuda muito a diminuir essa tensão de ter muito o que fazer (as vezes nem temos tanto a fazer, mas o fato de ter muita coisa no ambiente nos faz ter essa sensação).

O segundo conceito que apliquei na minha rotina é chamado de Slow Living, que significa, literalmente, viver devagar, com calma, sendo objetivo com suas tarefas e principalmente, não se condenando por não fazer tantas coisas quanto as outras pessoas. Afinal cada um tem seus limites, cada um tem sua rotina e seus privilégios, não dá para se comparar com todo mundo e achar que somos menos que alguém que faz tantas coisas mais que nós. Além disso, as vezes pode parecer que temos muito pouco tempo de vida, mas quando você para pra pensar que alguém com 50 anos pode começar uma faculdade, se formar e ainda atuar na área por mais de 10 anos, enquanto nós ainda estamos longe de chegar na idade dessa pessoa, por que essa pressa? Nós sabemos que essa corrida contra o tempo é algo que vem da geração em que vivemos e que tem causado tantos problemas psicológicos em todo mundo, mas não precisamos seguir esse padrão.

Quando eu apliquei esses conceitos na minha vida eu também decidi me afastar um pouco do blog até eu me sentir descansado e disposto para recomeçar. E se engana quem pensa que esse período que eu tirei pra descansar foi improdutivo. Quando não existe a pressão de ter que fazer as coisas, você consegue ser até mais produtivo e realmente curtir o que está fazendo.

Espero que minha experiência tenha te inspirado de alguma forma e que caso você esteja passando por esse momento, possa parar agora e refletir um pouco. Pequenas mudanças de comportamentos e perspectivas podem ser de boa ajuda. Enfim, é isso, até o próximo post!

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